Desde tempos remotos, o homem tem utilizado a arquitectura e engenharia para solucionar problemas que a sociedade enfrenta diariamente em termos de construção. Evidentemente, quando um país tem uma economia sustentável propícia, o crescimento da construção civil promove, per si, um avanço na geração de emprego, tornando-se importante para o desenvolvimento económico e social.

Este crescimento faz com que a fabricação e comercialização de materiais e produtos para a construção aumente, sendo necessário um aumento na extração de matérias-primas para tal finalidade. No entanto, o crescimento desordenado da cidade de Lubango, especificamente a sua periferia, tem causado grandes mudanças e impactos negativos ao meio ambiente e de carácter social e económicos, visíveis e não visíveis.

O sector da construção está directamente ligado à economia e conforme o país se desenvolve há um crescimento da indústria da construção, na busca das melhorias nas infraestruturas e no conforto habitacional.

A industria da construção civil aqui em Angola ainda é arcaica comparada com outros países, com processos primários de execução, produção e até reciclagem de materiais. O uso de projetos ineficientes, a falta de planeamento e controle, mão-de-obra pouco qualificada são factores negativos e geradores de resíduos e desperdício de material e tempo de trabalho.

O sector de arquitectura possui variadas opções sustentáveis de projectos capazes de reduzir o consumo de energia, água e resíduos mas a construção em Angola ainda possui poucas medidas inovadoras que possam ser implementadas nas fases de pré-execução, produção e demolição.

Existem alterações ao meio ambiente que podem ser provocadas ou não pelo homem e, na maioria dos casos, os impactos ambientais são provocados pelos humanos. As alterações sobre o meio ambiente abarcam desde as fases ou etapas de construção (movimento de terra, fundações, estrutura, instalações e acabamentos) de determinado empreendimento construtivo até aos momentos de manutenção, reforma, ampliação, desocupação e demolição.

Segundo ISABELA, Santos (2015) a construção civil em Angola é considerada uma das actividades que mais geram resíduos e alteram o meio ambiente, em todas as suas fases, desde a extração de matérias-primas até ao final da vida útil da edificação. JOHN (1996) salienta que os valores internacionais para o volume do entulho da construção e demolição oscilam entre 0,7 e 1,0 toneladas por habitante/ano.

Além da extração e posterior transformação dos materiais, há uma constante alteração nas paisagens, gerando alterações estéticas e sanitárias no ambiente que podem gerar efeitos negativos em relação à reacção da natureza para com tais actividades humanas. Todos esses processos dão impactos ambientais e afectam a saúde e bem-estar da população.(Santos 2015)

Existem resíduos sólidos e líquidos oriundos da construção que propiciam impacto ao meio ambiente, e. entre estes, temos os tijolos, massas, concreto, blocos cerâmicos, blocos de betão (cimento), solos, rochas, metais, resinas, colas, tintas, madeiras, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, entre outros, e são chamados como entulhos de obra.

Alguns destes materiais podem ser reciclados ou reutilizados em obras de construção e o responsável da obra não é só responsável legal pela parte construtiva mas também responde pela recolha destes resíduos. A escolha dos resíduos que podem ser reutilizados depende das necessidades construtivas da empresa ou da existência de algum projecto de arquitectura sustentável.

Os impactos em obras começam desde os trabalhos de movimento de terra até a fase de acabamento e também nas construções em fase de demolição, seja total ou parcial.

A construção civil é uma manifestação de desenvolvimento e progresso na qualidade de vida das pessoas embora, as obras de construção, sem importar a sua classe e magnitude, gerem um alto impacto no meio ambiente porque utilizam recursos naturais renováveis e não renováveis, em grandes quantidades, altos consumos energéticos durante e depois das construções, propiciam emissões de CO2 (dióxido de carbono) e deixam ao meio ambiente resíduos líquidos, sólidos e gasosos que na maioria das vezes em Angola, não têm tratamento algum.

Segundo SNEIDER Jeison e DUVÁN Harold (2016), os impactos que geram as obras de construção dependem de factores como: características das obras construtivas, entorno e ubiquação da obra, condições climáticas e tipo de tecnologia a utilizar.